Fantástico Guilherme!
Aguardando ansiosamente os próximos capítulos!
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Excelentes informações, obrigado Guilherme!
Ótima iniciativa, aguardando os próximos capítulos, e que sejam muitos.
tambem aguardando ansiosamente por novidades da bmw que não tinha conhecimento... muito legal
Olá Almeida,
O livro em questão está em alemão, a maior riqueza dele está nos textos muito detalhados de como surgiu a família GS dentro da BMW.
Se você não fala alemão, acho que seria muito caro para ter fotos, que você obtém grátis às centenas na web.
Custa 30 Euros, fora o custo do envio, e com o câmbio como está hoje sai por uns R$300....
Como havia prometido, aqui vai o segundo Capítulo da série e que conta um pouco sobre a lendária R32, a primeira da BMW e que é uma verdadeira obra de arte, considerando a tecnologia embarcada, design, ciclística, confiabilidade e desempenho. Quando se visita fóruns especializados em motos do início do século XX, isso fica muito claro. Espero que possam aproveitar. Mais do que o texto resumido, tentei mostrar nas imagens a riqueza e a preocupação nos detalhes desta moto. As imagens busquei algumas na web e muitas são de livros que tenho na minha biblioteca.
BMW R32 1923 – o início de tudo...
O presidente da BMW Franz Josef Popp designou o engo. Max Friz para desenvolver o projeto de uma motocicleta que viesse a substituir as motos Flink e Helios que a BMW produzia e que possuíam uma imagem muito ruim no mercado, devido à fragilidade de seus quadros, mesmo que seu motor M2B15 fosse um sucesso em vários fabricantes alemães de motos, como a Victoria por exemplo.
Anexo 10506
Max Friz
Para iniciar o projeto para o qual foi designado, Friz se recolheu em sua cabana nos Alpes da Bavária. Durante 4 meses trabalhou exclusivamente neste projeto, tendo feito sozinho todos os desenhos, especificações de materiais e detalhes de produção. O motor que a BMW fabricava com sucesso, o M2B15, foi totalmente redesenhado e sofreu inúmeras melhorias, tendo recebido a designação de M2B33.
Anexo 10507
Anexo 10508
Aqui se vê claramente o posicionamento das válvulas e seu acionamento por tuchos.
O motor possuía cárter e bomba de óleo, que lubrificava todos os pontos do motor, em circuito fechado. Não havia consumo de óleo e não havia necessidade de adicionar óleo regularmente e fazer a lubrificação manualmente do motor. Esse foi um dos grandes avanços do projeto deste motor em comparação a todos os outros motores de motos da época.
Anexo 10509
Vista explodida do motor
A R32 e o motor M2B33 tinham as seguintes características:
Designação do motor: M2B33
Tipo: 4 tempos, a gasolina, 2 cilindros horizontais opostos (motor boxer)
Diâmetro e curso dos pistões: 68mm x 68mm
Deslocamento: 494cc
Potência: 8,5HP @ 3.200rpm
Relação de compressão: 5,0 : 1
Válvulas: laterais
Alimentação: 1 carburador BMW especial, diâmetro 22mm
Câmbio: 3 marchas
Ignição: magneto Bosch
Quadro: em tubos de aço, em anel duplo
Suspensão dianteira: feixe de molas duplo, cantilever
Suspensão traseira: rígida
Rodas: 26” x 2,5” dianteira e traseira
Pneus: 26” x 3” dianteiro e traseiro
Freio dianteiro: tambor 150mm com sapatas internas (na segunda série em 1925)
Freio traseiro: sapatas de freio sobre polia de aço montada sobre os raios da roda traseira
Distância entre eixos: 1.380mm
Peso: 122kgf
Numeração dos motores: de 31.000 a 34.100
Numeração de quadros: de 1.001 a 4.100
Motos produzidas entre 1923 e 1925: 3.090
Anexo 10510
Anexo 10511
A admissão de ar se dava na carcaça do volante do motor, indo ao carburador e daí aos 2 cilindros.
O motor foi montado com os cilindros voltados para as laterais, obtendo com isso uma excelente refrigeração em comparação com todas as outras motos da época de mais de 1 cilindro, que aqueciam de forma indesejada os cilindros traseiros.
As válvulas laterais e o posicionamento do motor permitiam o acesso fácil para regulagem, evitando desmontagens do motor ou de partes da moto para acessar os cabeçotes.
Finalmente a sua transmissão através de um eixo indo diretamente a uma caixa de engrenagens cônicas no eixo traseiro, eliminava toda e qualquer manutenção, como as exigidas pelos sistemas de época, de correias e correntes com frequentes ajustes e lubrificação. A caixa de engrenagens era lubrificada por imersão em graxa e montada na extremidade final do quadro, conferindo rigidez ao eixo traseiro.
O quadro era extremamente rígido e devido ao posicionamento do motor, a R32 tinha um centro de gravidade muito baixo, conferindo-lhe uma estabilidade muito grande e ciclística excelente.
A velocidade máxima da R32 é de 96km/h, o que é bastante razoável, visto que as velocidades médias nas rodovias era de 60km/h. Seu tanque de gasolina tinha uma capacidade de 14 litros. O consumo era muito baixo, fazendo em média 36km por litro de combustível, o que significa uma autonomia de 500km.
Anexo 10512
Notar que o pedal do freio traseiro era acionado com o calcanhar.
Anexo 10513
Esta foto mostra as sapatas do freio sobre a polia montada sobre os raios da roda.
O projeto da R32 ficou pronto em dezembro de 1922 e a moto BMW R32 foi apresentada ao público no Salão de Paris em 1923, representando o estado da arte em design motociclistico. Seu quadro triangular e sua transmissão bastante compacta conferiu a ela uma linha esbelta, estreita e com avanços tecnológicos e que moldaria o design BMW para as décadas futuras.
Com este projeto, a BMW se posicionou no mercado como fabricante de motos de alta tecnologia, confiáveis, de acabamento impecável, bom desempenho e design elegante.
A seguir fotos de detalhes da R32:
Anexo 10514
Anexo 10515
Anexo 10516
Anexo 10517
Anexo 10518
Vista superior mostrando o tanque, guidão, manetes, velocímetro, alavanca de câmbio, faróis, alavancas de avanço da ignição, etc.
Anexo 10519
Detalhe do acionamento do velocímetro, que é feito através de cabo de aço dentro de capa de aço e através de polia com correia de borracha de perfil redondo, sobre o tambor de freio dianteiro.
Anexo 10520
Detalhe da mesa com manípulo da fricção de discos para endurecer/amolecer o giro do guidão, velocímetro e botão de acionamento da buzina.
Anexo 10521
Detalhe do acabamento da manete e alavancas de acionamento
Anexo 10522
Vista frontal do garfo dianteiro, molas da suspensão, faróis, buzina, conjunto do velocímetro
Anexo 10523
Detalhe do cabeçote com a vela de ignição e as tampas de acesso às válvulas
Anexo 10524
Detalhe do carburador. Notar que ele é montado diretamente sobre a bloco do motor e aspira o ar de dentro da carcaça que envolve o volante do virabrequim
À época do lançamento da R32 a Alemanha já experimentava uma relativa estabilidade econômica e à moeda, o Marco Alemão (Deutsche Mark DM). O preço de venda do modelo básico era de DM 2.200 e o modelo com todos os acessórios como buzina, segundo farol, segundo banco e velocímetro era de DM 2.600, o que de qualquer forma era um bom investimento. Mas devido à qualidade da R32 e seu desempenho e confiabilidade, no primeiro ano venderam 1.500 motos o que é bastante significativo para um produto novo no mercado.
Abaixo vão dois links de filmes da R32 no Youtube:
https://youtu.be/7Ix8I17GzjM
Obs.: notem neste filme que o piloto está ajustando o avanço da ignição na alanca situada no manete direito. A outra alavanca no manete direito, a maior, é o acelerador. Quase todos as motos e muitos automóveis nesta época possuíam ajuste manual do avanço da ignição. Nas motos isso facilitava sobremaneira a partida com pedal, pois atrasando o ponto de ignição para depois do PMS (ponto morto superior do pistão) se evitava os contra golpes no pedal e a partida era muito mais fácil e macia.
https://youtu.be/10s_flzyu7s
Guilherme
Estou acompanhando seus ótimos e esmerados relatos, muito obrigado!
Abraço,
Benício