Fim do Mundo.

[Wbornelli]

Wagner, bom retorno.

Me conta sobre os pneus. Anakee 3, Karoo 3, qual voce usou ou está usando?

Eu usei o ANAKEE III. Coloquei um par zero pra sair. Rodei 12.000 no total. Como meu trajeto teria mais de 85% de asfalto, optei pelo ANA 3.
No final, por fatos alheios a minha vontade, rodei apenas 300 no rípio.
Os pneus chegaram bem, mas vou trocar os dois. O traseiro ficou completamente quadrado. O dianteiro, embora novo ainda, gastou em diagonal... Pegamos ventos absurdos e constantes, 85% do tempo soprando da esquerda para direita. Andando tanto com a moto inclinada desgastou em diagonal.
Eu gostei do pneu. Na falta de opção melhor recomendo.
Minha opção seria o K60, mas não estava disponível ainda no Brasil.
No rípio de ida e volta do USHUAIA é suficiente. A estrada está compactada e tranquila.
No ripio da Ruta 40, entre Tres Lagos e Gobernador Gregores já sofri um pouco mais. Tem uns trechos com muita pedra solta, a moto dança bastante, mas dá pra tocar sem exageros.
No mais aguentou bem. Meu amigo, de Versys 2.000 optou por um Conti Atack e ficou na mão. Acabou o pneu com 8.500 km. Teve que comprar um em Osorno. Acabou pondo Ana 3.
Abs.

[Wbornelli]

Parabéns Wagner.
Depois posta mais detalhes da aventura. Surpresas, dificuldades, o que de melhor recomenda, etc.
Tenho interesse nessa viagem daqui alguns meses.

Bom dia Luiz.
vamos lá, vou tentar fazer um resumo.
1. planejamento
Meu planejamento iniciou-se há uns 3 anos. Mas nunca dava certo. 2 vezes tive que cancelar faltando apenas poucos dias. Desta vez deu certo.
Eu planejei descer pela RN 3, entrando na argentina por Foz, e descendo direto, o mais rapido possível, até o USHUAIA. Escolhi assim pois a RN 3 não tem nada de interessante para se ver, pelo menos até chegar a PUERTO MADRYN. Puerto Madryn, Calleta Olivia, Puerto San Julian, são lugares interessantes, mas para quem não tem o mês todo para viajar, podem ser descartados.
Optei por Rodar 1.000 km por dia na primeira parte, indo até o USHUAIA em 5 dias (saindo e Maringá até USHUAIA dá 5.000 km)
Sai de Maringá e dormi em Paso de Los Libres (AR), entrando por Foz.
Segundo dia passei por Buenos Aires (literalmente passei, por dentro) e dormi em Azul (Gran Hotel Azul, recomendo, bem na praça da igreja).
Terceiro dia dormi em Puerto Madryn. Tem muitos hoteis bons. Minha opção de hotel (estávamos em 2) era bom e barato. Na média gastamos 1.000 pesos argentinos por noite (em torno e 280 reais) pois estava em temporada de férias, alta procurada por argentinos.
Quarto dia, dormi em Puerto San Julian. Aqui era o meu primeiro ponto de interesse. visitar a réplica da NAU VICTORIA, que foi utilizada por Magalhães para fazer a primeira volta ao mundo de navio e descobrir o ESTREITO DE MAGALHÃES. É um museu. Não pude visitar pois estava fechado devido ao vento, imagina o quanto ventava! Hospedei-me bem em frente a NAU VICTORIA, na HOSTERIA MIRAMAR. Recomendo, excelente vista, bom preço, pode pagar em dólar, ótimo ambiente e visual.
Quinto dia. Passamos por Rio Gallegos, Estreito de Magalhães (uma parte emocionante da viagem devido à história) e chegamos ao USHUAIA. Chegamos ainda com luz natural. Pegamos chuva no Paso Garibaldi, temperatura de 3 graus e muito vento. Hoteis lotados no Ushuaia, mas sempre se arruma um lugar. Fiquei numa pousada simples, mas muito agradável, bem no centro (HOSTAL PAISAJE DEL BEAGLE). Dono muito atencioso. Não tem garagem, moto fica na rua.

A volta, meu planejamento era voltar pela RUTA 40, iniciando no marco zero e subindo até CHILE CHICO e entrar na Carretera. Depois voltar para a RUTA 40 em Bariloche e, por fim, subir até os CARACOLES, no Paso Cristo Redentor. o Plano na volta era rodar menos por dia, curtir mais. tive que alterar os planos, como vou explicar abaixo.

2. ALTERAÇÃO DE PLANOS.
Quando começamos a volta do USHUAIA, logo em Rio Grande (antes de pegar o ripio na volta), paramos num posto e notamos que a VERSYS 1.000 do meu parceiro estava vazando oleo nas duas begalas. Optamos por consertar. Achamos ali mesmo em Rio Grande um oficina fantástica, do amigo NINO VERGARA, motociclista igual a nós. A oficina chama-se ALBATROS. Excelente atendimento. Entendem e atendem varias marcas, inclusive BMs. O problema é que ali perdemos praticamente aquele dia. Com isto tivemos que andar no ripio naquele dia no final do dia e inicio da noite e dormimos em Cerro Sombrero, antes do estreito de Magalhães.
Assim, tivemos que abrir mão de ir ao Marco Zero da Ruta 40, pois perdemos um dia, e elegemos prioridades, pois nosso tempo era apertado.
Também por isso, porque meu amigo estava receoso com a suspensão da Versys, optamos por nao fazer o caminho até EL CALAFATE por 28 de Noviembre (ripio), mas ir por Esperanza, que é asfalto.
EL CALAFATE é fantástico. Passagem obrigatória. Visitar o glacial Perito Moreno é imperdível.
Saimos de EL CALAFATE e subimos até PERITO MORENO (a cidade), pela RUTA 40. Ali, entre Tres Lagos e Gobernador Gregores, no trecho mais belo, ainda tem 80 km de rípio. Metade bom, mas metade péssimo, muito solto, muitas pedras grandes. A Versys foi bem. Não tivemos mais problemas com a suspensão. Até pensei que conseguiriamos entrar na CARRETERA.
Quando Chegamos em PERITO MORENO, onde iriamos dormir e no dia seguinte ir para a CARRETERA por CHILE CHICO, constatamos que o pneu da VERSYS já era. Estava muito liso para entrar no ripio. Já não é uma grande moto para o rípio, com pneu liso então... e meu amigo odeia off, saiu recentemente de superbikes...
Como somos amigos, e viagem em parceria tem destas coisas, optei por seguir com ele pelo asfalto, deixando a CARRETERA para uma segunda vez (e com mais tempo). Subimos pela RUTA 40 até BARILOCHE. A região entre BARILOCHE e VILLA LA ANGOSTURA, até pros lados de SAN MARTIN, é linda, imperdível. Vou voltar lá. Fiquei encantado.
De BARILOCHE passamos o PASO CARDENAL SAMORE, e entramos no CHILE, descemos até ENSENADA para conhecer o vulcão OSORNO. Dormimos aos pés do vulcão. A região estava lotada (férias dos chilenos). Tivemos dificuldades de conseguir hotel. Ficamos na HOSPEDAJE CARYUN, logo depois de ENSENADA. Simples, mas muito agradável. Banheiros coletivos, mas muito limpa, otima comida, excelente atendimento. Bom preço.
O vulcão OSORNO é lindo, vale a pena conhecer.
Fomos até a cidade de OSORNO, na MOTO AVENTURA, pois era o único lugar que teria pneus para a VERSYS. Ainda assim não tinha a medida exata e colocamos um ANAKEE III igual da minha BMW R1200 GS LC (170X60X17).
Subimos então, pela PAN AMERICANA (Ruta 5) passando por San Tiago, e indo até LOS ANDES, onde cruzamos o PASO CRISTO REDENTER (CARACOLES) até MENDOZA. Maravilhoso. Recomendo.
Ali ainda subimos além do Paso Internacional (tunel) que está a 3.200 metros, até o alto do Cristo Redentor, por uma estrada de ripio, de 8 km de extensão, só curvas fechadissimas, até chegar a 4.200 metros de altitude. Lugar indescritível.
Posamos em USPALLATA no HOTEL DE MONTAÑA LOS CONDORES. Excelente, recomendo. Com piscina. Barato.
Dai foi voltar para casa o mais rápido possível, por SANTA FÉ.
total 12.000 km, 16 dias, muita alegria, muitas aventuras, vontade de voltar.
3. GPS, MAPAS, FOTOS, VIDEOS.

Eu viajei com mapas. levei mapas mas, honestamente, o melhor que fiz foi uma planilha de EXCEL colocando as cidades onde iria passar, em ordem, com a quilometragem e a rodovia. bem melhor para se orientar.
GPS eu uso o SYGIC, no iphone. é gratis e funciona perfeitamente. totalmente off line, sem precisar de dados ou wifi.
FOTOS, embora eu tenha levado uma maquina boa, acabei usando só o iphone 6 mesmo... qualidade de fotos e videos incrível.
VIDEO, levei uma gopro HERO 4 SESSION. pequena, a prova de água e facil de usar. muito mais fácil que as GOPRO tradicionais. Este é um modelo novo, que vale cada centavo.


4. DIFICULDADES.

A maior dificuldade, sem duvida alguma, foi o VENTO. A partir de Puerto Madryn o vento foi nosso companheiro e inimigo. Constante, todo o dia, piorando a tarde, sempre da esquerda para a direita (litoral para continente). Vento forte, que incomoda. Tem que pilotar com a moto muito inclinada naquelas longas retas. Cansa. Cansa o pescoso, exige atenção e gera uma certa tensão. Mas faz parte da aventura.
Na volta, pela RUTA 40, o vento é virado. Sopra dos ANDES para o interior, ou seja, continuou da esquerda para a direita. Resultado, o pneu dianteiro gastou em diagonal. Vou troca-lo. Se não fosse isto, não teria gasto nem metade.
Outra dificuldade foi gasolina. Havia greve em parte da Argentina e algumas vezes tivemos que ficar horas em posto na fila, pois faltava combustível. O que nos salvou foi ter levado galão extra, 10 litros cada.
GUANACOS - muita atenção. A partir de PUERTO MADRYN, quando inicia o deserto da patagonia, há milhões de guanacos (lhama). São silvestres, naturais, mas ficam ao lado das rodovias. Sua cor se confunde com a paisagem e tem que manter muita atenção para nao ter acidente. No período que eu estava lá, um motociclista de Floripa, numa GOLD, acertou um. Por sorte não se machucou, mas a moto voltou rebocada.

No mais, não tem dificuldades, para quem gosta. Na verdade é o prazer e a aventura. Para quem não gosta, só existem dificuldades.

4. O MELHOR, pra mim.

Na minha opinião, chegar ao USHUAIA é um desafio, faz parte de ser motociclista e eu recomendo, mas o melhor está na RUTA 40 e no CHILE.
O melhor:
EL CALAFATE - imperdíve. cidade fantástica. visitar o glacial PERITO MORENO. e se tiver tempo, tem muitos outros passeios para fazer, que eu nao tive tempo.
RUTA 40- Pilotar naquela solidão e imensidão do deserto é fantástico (para quem curte). Apesar do vento fortíssimo, foi maravilhoso.
REGIÃO DOS 7 LAGOS - entre Bariloche e Villa La Angostura. Sem Palavras. imperdível. vou postar, depois, algumas fotos.
VULCÃO OSORNO. Experiencia impar. Vale a pena. Lugares maravilhosos.
PASO CRISTO REDENTOR. Os caracoles. imperdível. Para cruzar os ANDES ali anda-se uns 180 km pela cordilheira. Fantástico, para mim os mais belos cenários.


5. DICAS.

Se é que posso dar algumas dicas, eu diria:
a. saia com pneus novos e bons.
b. leve gasolina extra.
c. leve dolares extra (caso precise de antedimento na sua moto) foi o que nos salvou.
d. tenha paciência nas aduanas e cuidado para não perder os papeis.
e. utilize sempre os postos YPF (90% deles tem internet gratis, mesmo quando tem senha é só pedir que eles informam), assim voce consegue manter contato com sua familia, para que nao fiquem preocupados, afinal....
f. coma cordeiro patagonico.
g. coma bife de chourizo
h. coma salmão no chile.
i. NÃO COMA PARILLA.... eita coisa ruim.

é isto, espero ter ajudado. Se precisar de mais informações, estou a disposição.

Wagner Bornelli.

[sal silva]

Parabéns Bornelli linda viagem,para mim foi a melhor.kkkkk,também cai nessa de comer essa Parilla,eta coisa estranha,deixamos metade no prato.Já é a segunda longa que uso os Ana 3,os pneus são feios mas em matéria de resistência e durabilidade eles são os melhores do mercado Brasileiro.VLW

[LuizMunhoz]

Boa Bornelli !!
Viagem sensacional ! Os perrengues fazem parte da aventura. Afinal, se fosse fácil, qq um faria.
Pneus novos sempre são recomendados e US$ é aceito em qq lugar do mundo.
Não fosse a greve, vcs teriam precisado de galão extra de gasolina?

Valeu pelas dicas e relatos. Certamente servirão para compor meu planejamento. Se tudo der certo, em janeiro será minha vez!
Abraços

[Wbornelli]

Luiz, mesmo sem greve eu recomendo a gasolina extra. Existem trechos onde a distância entre postos chega a quase 300 km, e o vento eleva o consumo. Além disso, como aconteceu comigo em Tres Lagos, você pode chegar a um posto, e não ter nafta. Aí só o galão extra pra resolver.

[cerqueira]

Show de relato, Bornelli,

põe fotos aí prá gente!!

Abçs
Luiz

[sal silva]

Luiz, mesmo sem greve eu recomendo a gasolina extra. Existem trechos onde a distância entre postos chega a quase 300 km, e o vento eleva o consumo. Além disso, como aconteceu comigo em Tres Lagos, você pode chegar a um posto, e não ter nafta. Aí só o galão extra pra resolver.

Ou uma Adventure kkkk.Foi por isso que optei pela Adventure,a tranquilidade é bem maior,mas mesmo assim passei por locais desconhecidos que não achei posto de combustível que supostamente deveriam estar lá,ai a jeito foi rezar rs

[LuizMunhoz]

Ou uma Adventure kkkk.Foi por isso que optei pela Adventure,a tranquilidade é bem maior,mas mesmo assim passei por locais desconhecidos que não achei posto de combustível que supostamente deveriam estar lá,ai a jeito foi rezar rs

Então Sal.
A minha pergunta foi exatamente pra identificar até que ponto é realmente necessária uma 1200 ADV, ou se uma LC seria a mesma coisa e se é realmente necessário galão. Pois pro Atacama, uma 1200 LC não precisa nem de galão.
Tenho a 800 ADV e não me arrependo de ter pago mais por ela. Valeu cada centavo extra (conforto e autonomia). Mas penso em trocar até o final do ano e a adv está bem salgadinha pro meu bolso...

[sal silva]

Então Sal.
A minha pergunta foi exatamente pra identificar até que ponto é realmente necessária uma 1200 ADV, ou se uma LC seria a mesma coisa e se é realmente necessário galão. Pois pro Atacama, uma 1200 LC não precisa nem de galão.
Tenho a 800 ADV e não me arrependo de ter pago mais por ela. Valeu cada centavo extra (conforto e autonomia). Mas penso em trocar até o final do ano e a adv está bem salgadinha pro meu bolso...

Luiz,eu fiz duas longas com a 800 normal(Atacama e Ushuaia) e não usei o galão de 5 litros que levava em nenhuma delas. É claro que tudo é relativo,nem sempre as coisas em outros Países são iguais e pode faltar abastecimento.Para isso optei em pagar um pouco mais e ter um tanque maior(diminui bem a paranoia de não encontrar combustível),eixo cardã (É um saco ter que lubrificar e regular corrente no meio da viagem),pneu sem câmara (mais segurança),e conforto(para mim e minha garupatroa).Ai você que sabe o que é melhor para você.Abraços.

PS.Embora sejam irmãs,a K50 e a K51 são motos diferentes,seria bom você rodar com as duas.

[Wbornelli]

Apenas para apimentar a discussão sobre ADV ou não... Eu tenho 1,77 e achei a ADV alta. Minha LC é mais baixa e me sinto melhor.
Quanto a autonomia eu poderia ter feito a viagem sem gasolina extra mas seria arriscado. Minha média final da viagem foi 17,5 km/l. Mas teve trecho de fazer 14,5 devido ao vento e altas velocidades... Muitas vezes andava horas acima de 150 km/h.
Aproveitando, vai aí algumas fotos.

Abs