24-08-2017, 08:58
Bom dia.
É difícil a avaliação de nossa sociedade sem considerar fatores antropológicos e culturais.
Efetivamente as dificuldades típicas da origem pobre, stricto sensu, não está correlacionada à violência. Esta é uma mentira criada por aqueles aos quais chamo "Pessoal das Ciências Humanas/Sociais Aplicadas à Justificativa". Um mote Russeauniano usado como justificativa fácil.
Por exemplo, numa avaliação mais elaborada da população carcerária, é possível concluir que a maioria nunca se recuperará. Não pelo fato da ausência de condições de recuperação do sistema prisional, mas sim por haver suficientes questões do caráter (fisiológicos, estruturais, ordem de consciência) que manterão o indivíduo na busca pelo menor e mais fácil caminho, não se importando com as consequências à outrem. Ou seja, o crime a delinquência. Some-se a isso questões de ideologia política e demais interesses, e temos como resultado o caos.
A pequena fração de recuperáveis é perceptível, seja em entrevista sociológica ou observação do comportamento perante o grupo. O indivíduo que cometeu crime por razões circunstanciais e não pelas distorções do caráter, de fato no foro íntimo, nunca se recuperará da vergonha perante família e sociedade, ainda que cumpra sua pena da forma estabelecida. Tipicamente passará tempo significativo da vida que resta num constante conflito entre a vontade de apresentar uma contrapartida e a necessidade de viver plenamente. Este será sim um sofredor e agarrará todas as oportunidades de viver digna e honestamente. Repito: são poucos.
A mesma lógica racional/analítica se estende aos indivíduos com quem lidamos todos os dias, nos mais diversos grupos sociais dos quais participamos, ainda que não sejam delinquentes formais, seja pela falta de oportunidade seja pela perspicácia em ocultar o que fazem. Neste grupo, está grande parte de indivíduos com boa capacidade de articulação política (quase todos os agentes políticos), estrategistas corporativos, funcionários públicos em cargos de confiança, lobistas e pessoal da magistratura (isso mesmo, magistratura).
Percebam que são aqueles que tem a certeza de pertencer a uma casta superior, não fundamentada no conhecimento e honestidade mas sim na malandragem e certeza da blindagem institucional e espírito de corpo. Antes que alguém se sinta representado e desponte a sua "indignação", quero enfatizar que é a parte significativa de indivíduos destes grupos e não especificamente todos os presentes nos grupos, OK ?
Por outro lado como resultado de nossa necessidade de lidar com estes aspectos, nós (seres honestos, gente comum) desenvolvemos uma pesada/custosa capacidade de administrar o conflito com a sociedade que possui o DNA dos indivíduos que citei acima , suportando níveis de stress e descontentamento além dos que poderíamos prever. Basta parar um pouco e refletir o quanto você se desdobra em itens e ação de proteção, no trabalho árduo, no stress da indignação, no esforço pelo equilíbrio familiar etc. Continuamos a agir como contribuintes responsáveis, participamos de eleições, contemporizamos os problemas e vivemos numa constante campanha de autoproteção. Somos assim poucas ovelhas pastoreadas por lobos.
No aspecto pessoal, me considero um exilado ou prisioneiro. Não estranhem se daqui a algum tempo, surgirem brasileiros empreitando pedidos de asilo político em outros países, tendo como justificativa, as condições adversas de nossa sociedade. Será difícil, pois a maioria dos estrangeiros não tem a menor capacidade de compreender o nosso cenários. Vejo isso todos os dias na lida com parceiros globais.
Deixei o estado em que nasci e cresci (Rio de Janeiro) por nunca ter me adaptado às nuances culturais típicas (o que os NA denominam "way of life"); simplesmente cansei do conflito cotidiano na lida com a malandragem no trabalho, no transito, no transporte e até na conversa com vizinhos. Cansei de ver gente achando que tudo se resolverá após um final de semana com muita praia e cerveja. É um aspecto cultural e o resultado fala por si, vemos na imprensa todos os dias.
Migrei para SP no início dos anos 2000 e, hoje em dia, já me considero na última fronteira, pois as coisas também já ultrapassam o limite do aceitável por aqui.
Sinceramente não considero mais válido discutir o BR, até pela razão que apresentei acima. É uma opção pessoal, uma decisão fundamentada e racional.
Não acredito em nossa sociedade, seus valores e princípios.
Minhas filhas estão a caminho da universidade no exterior, e eu aguardo o final de meu doutorado para migrar de forma análoga ao que fiz em 2002.
Pagando 27,5% pelas remessas e com declaração de saída definitiva para a receita federal.
Bom dia a todos.
AC.
É difícil a avaliação de nossa sociedade sem considerar fatores antropológicos e culturais.
Efetivamente as dificuldades típicas da origem pobre, stricto sensu, não está correlacionada à violência. Esta é uma mentira criada por aqueles aos quais chamo "Pessoal das Ciências Humanas/Sociais Aplicadas à Justificativa". Um mote Russeauniano usado como justificativa fácil.
Por exemplo, numa avaliação mais elaborada da população carcerária, é possível concluir que a maioria nunca se recuperará. Não pelo fato da ausência de condições de recuperação do sistema prisional, mas sim por haver suficientes questões do caráter (fisiológicos, estruturais, ordem de consciência) que manterão o indivíduo na busca pelo menor e mais fácil caminho, não se importando com as consequências à outrem. Ou seja, o crime a delinquência. Some-se a isso questões de ideologia política e demais interesses, e temos como resultado o caos.
A pequena fração de recuperáveis é perceptível, seja em entrevista sociológica ou observação do comportamento perante o grupo. O indivíduo que cometeu crime por razões circunstanciais e não pelas distorções do caráter, de fato no foro íntimo, nunca se recuperará da vergonha perante família e sociedade, ainda que cumpra sua pena da forma estabelecida. Tipicamente passará tempo significativo da vida que resta num constante conflito entre a vontade de apresentar uma contrapartida e a necessidade de viver plenamente. Este será sim um sofredor e agarrará todas as oportunidades de viver digna e honestamente. Repito: são poucos.
A mesma lógica racional/analítica se estende aos indivíduos com quem lidamos todos os dias, nos mais diversos grupos sociais dos quais participamos, ainda que não sejam delinquentes formais, seja pela falta de oportunidade seja pela perspicácia em ocultar o que fazem. Neste grupo, está grande parte de indivíduos com boa capacidade de articulação política (quase todos os agentes políticos), estrategistas corporativos, funcionários públicos em cargos de confiança, lobistas e pessoal da magistratura (isso mesmo, magistratura).
Percebam que são aqueles que tem a certeza de pertencer a uma casta superior, não fundamentada no conhecimento e honestidade mas sim na malandragem e certeza da blindagem institucional e espírito de corpo. Antes que alguém se sinta representado e desponte a sua "indignação", quero enfatizar que é a parte significativa de indivíduos destes grupos e não especificamente todos os presentes nos grupos, OK ?
Por outro lado como resultado de nossa necessidade de lidar com estes aspectos, nós (seres honestos, gente comum) desenvolvemos uma pesada/custosa capacidade de administrar o conflito com a sociedade que possui o DNA dos indivíduos que citei acima , suportando níveis de stress e descontentamento além dos que poderíamos prever. Basta parar um pouco e refletir o quanto você se desdobra em itens e ação de proteção, no trabalho árduo, no stress da indignação, no esforço pelo equilíbrio familiar etc. Continuamos a agir como contribuintes responsáveis, participamos de eleições, contemporizamos os problemas e vivemos numa constante campanha de autoproteção. Somos assim poucas ovelhas pastoreadas por lobos.
No aspecto pessoal, me considero um exilado ou prisioneiro. Não estranhem se daqui a algum tempo, surgirem brasileiros empreitando pedidos de asilo político em outros países, tendo como justificativa, as condições adversas de nossa sociedade. Será difícil, pois a maioria dos estrangeiros não tem a menor capacidade de compreender o nosso cenários. Vejo isso todos os dias na lida com parceiros globais.
Deixei o estado em que nasci e cresci (Rio de Janeiro) por nunca ter me adaptado às nuances culturais típicas (o que os NA denominam "way of life"); simplesmente cansei do conflito cotidiano na lida com a malandragem no trabalho, no transito, no transporte e até na conversa com vizinhos. Cansei de ver gente achando que tudo se resolverá após um final de semana com muita praia e cerveja. É um aspecto cultural e o resultado fala por si, vemos na imprensa todos os dias.
Migrei para SP no início dos anos 2000 e, hoje em dia, já me considero na última fronteira, pois as coisas também já ultrapassam o limite do aceitável por aqui.
Sinceramente não considero mais válido discutir o BR, até pela razão que apresentei acima. É uma opção pessoal, uma decisão fundamentada e racional.
Não acredito em nossa sociedade, seus valores e princípios.
Minhas filhas estão a caminho da universidade no exterior, e eu aguardo o final de meu doutorado para migrar de forma análoga ao que fiz em 2002.
Pagando 27,5% pelas remessas e com declaração de saída definitiva para a receita federal.
Bom dia a todos.
AC.
Alexandre Castro
Vila Mariana, São Paulo, SP
R1200GS AC <- Varadero-XL1000 <- FXDC-1600 <- XVS650
Vila Mariana, São Paulo, SP
R1200GS AC <- Varadero-XL1000 <- FXDC-1600 <- XVS650